Economia, mercados: a vingança da Europa?

Publicado
6 fevereiro 2023
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2 minutos de leitura
O Índice de Surpresa Económica mede a diferença entre os dados macroeconómicos oficiais publicados e as expectativas (consenso).

Nas últimas semanas, a Europa registou um dinamismo económico notável em comparação com os Estados Unidos, conforme evidenciado pelos respetivos indicadores de surpresas económicas de ambas as regiões.

Porquê?

O clima ameno, que melhorou significativamente a situação energética, os planos de apoio orçamental e o regresso da China ao cenário económico são fatores que explicam este desempenho, que se reflete nos mercados bolsistas de uma forma impressionante. Desde 31 de agosto, o sobredesempenho das ações europeias1 atingiu 17,5% e até mesmo +23,5% se incluirmos a apreciação do euro face ao dólar!

É bem evidente que este dinamismo relativo do Velho Continente terá pelo menos alguns contratempos; tais desempenhos precisam de pausas para se manterem. Por conseguinte, não apostaremos a curto prazo na continuação ou não desta magnífica recuperação europeia. Todavia, consideramos provável que esta inversão de tendência a favor da Europa, após 12 anos quase ininterruptos de sobredesempenho americano, faça parte de um movimento duradouro que só agora começou.

Quem poderá beneficiar com esta situação?

O regime inflacionista em que as economias "desenvolvidas" têm operado desde 2021 é suscetível de fomentar fluxos financeiros do Ocidente (Estados Unidos) para o Oriente (Europa, China e Japão). Estes fluxos resultariam da constatação de que um crescimento mais dinâmico do que o previsto poderia afetar as economias mais cíclicas. Isto encorajaria uma revalorização significativa das Bolsas europeias, chinesas e japonesas, que são mais ricas em títulos cíclicos, depois de terem sofrido com o longo período de crescimento brando e constante da última década.

De igual modo, o ambiente de taxas de juro agora mais racional deverá favorecer as empresas cuja atividade tem sido historicamente mais útil para a economia.

1Desempenho do índice Euro Stoxx 50 face ao do índice S&P 500.

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