Edouard Carmignac escreve sobre questões económicas, políticas e sociais actuais em cada trimestre.
Estimados(as) investidores(as),
O otimismo comedido que venho manifestando desde o início de 2023 ainda não foi contrariado pelos mercados de ações. Assim, o modesto aumento que registaram no último trimestre contribuiu para uma subida ligeiramente superior a 17% das ações a nível global. Oferecerão ainda os ativos de risco um potencial de ganhos atrativo com as atuais avaliações? A evolução dos principais polos de incerteza reforça as nossas convicções a longo prazo. Na nossa perspetiva, deverão continuar a dar frutos.
Teve início a descida das taxas de juro. É perfeitamente compreensível estar preocupado com a sustentabilidade do elevado endividamento mundial. No entanto, como chamei já à atenção várias vezes, a resistência mínima às dificuldades económicas por parte do Ocidente implica que é inconcebível que as taxas de juro reais (ou seja, as taxas acima da inflação) se mantenham elevadas. Não surpreende, então, que Jerome Powell e Christine Lagarde estejam a baixar as taxas de juro e a dar sinais de que continuarão a fazê-lo, não obstante as taxas de inflação dos dois lados do Atlântico não terem ainda alcançado os seus objetivos. Esta postura dos bancos centrais não só está a fazer aumentar o valor dos ativos como está também a apoiar a atividade económica. O estímulo monetário revela-se ainda mais necessário dada a reduzida margem de manobra na frente fiscal, no seguimento dos excessos do período "custe o que custar". Alguns países europeus - nos quais está incluída a França - estão mesmo obrigados a reduzir os seus défices públicos.
A estagnação da Europa. Os resultados das mais recentes eleições europeias puseram a nu o enfraquecimento da governação da União, precipitado pelo descarrilamento do colosso franco-germânico. Na minha última carta, partilhei a minha esperança de que Mario Draghi - cuja autoridade intelectual e capacidades de negociação são inegáveis - fosse nomeado Presidente da Comissão Europeia. Apesar de o seu plano para a recuperação da construção da zona euro ter sido dado a conhecer pela comunicação social, o facto de Ursula von der Leyen ter sido renomeada Presidente da Comissão é uma desilusão, mesmo tendo em conta que a nomeação de comissários menos propensos a adotar regulamentação mais exaustiva foi uma demonstração de arrojo. A nossa competitividade deve ser impulsionada pela redução dos custos laborais e de uma política industrial que vise a redução do atraso cada vez maior no desenvolvimento de tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial e a biotecnologia.
Eleições nos EUA e geopolítica. Não irei formular hipóteses sobre quem será o próximo ou próxima Presidente dos Estados Unidos, uma vez que as eleições prometem ser renhidas e estão ainda sujeitas a uma série de incertezas. No entanto, não nos devemos esquecer que a rentabilidade das empresas americanas seria afetada pelas divergências em matéria fiscal patentes nos programas apresentados. Há um consenso entre os analistas relativamente a um aumento de 5% das estimativas dos lucros sob uma nova administração Trump, comparativamente com uma descida de cerca de 5% com K. Harris. No entanto, prevê-se que será difícil que qualquer um dos dois candidatos fique em posição de levar a cabo reformas importantes, já que se afigura pouco provável que quer Democratas quer Republicanos obtenham uma maioria tanto no Senado como na Câmara dos Representantes. O impacto geopolítico, por outro lado, pode ser mais significativo. O isolacionismo defendido por D. Trump comprometeria o apoio à Ucrânia e intensificaria a guerra comercial com a China, enquanto o apoio incondicional a Israel levaria a um aumento das tensões no Médio Oriente e no mercado do petróleo. A vulnerabilidade da Europa perante estes cenários é óbvia. Em todo o caso, continuo a acreditar que a interdependência das várias partes envolvidas evitará um conflito significativo.
E quanto às perspetivas dos mercados? Embora a descida das taxas de juro seja inegavelmente favorável, os níveis de valorização e os focos de incerteza exigem uma carteira de investimentos altamente discriminatória. Com efeito, as reduções das taxas do banco central não se refletirão necessariamente nas taxas de juro de longo prazo até que as pressões inflacionistas sejam resolvidas de forma mais definitiva, nem serão suficientes para compensar as contrariedades sentidas pelas empresas sensíveis ao enfraquecimento da procura global. Por conseguinte, continuamos a privilegiar as ações de elevada visibilidade, com uma afetação significativa aos principais players na inteligência artificial, e a evitar as obrigações longas de taxa fixa. Por último, a nossa exposição ao ouro é apoiada por políticas monetárias acomodatícias e pela acumulação de riscos geopolíticos.
Nesta nota de prudência, subscrevo-me com os mais sinceros cumprimentos.
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