Ações e obrigações: o regresso de uma combinação vencedora?

A diversificação como fio condutor para os investidores em 2023

Publicado
11 abril 2023
Tempo de leitura
2 minutos de leitura

Fonte: Carmignac, Bloomberg. Correlação de 3 meses entre o preço de fecho do S&P 500 e o dos futuros de obrigações do Tesouro EUA a 10 anos.

Resiliência do crescimento económico, regresso de uma economia sem inflação, crise bancária. O trimestre foi muito agitado! Embora a narrativa económica inconstante tenha sido sinónimo de versatilidade dos mercados financeiros, a correlação negativa entre o preço das ações e o das obrigações restabeleceu-se durante o trimestre. Tal ocorreu num período de muito stress, numa altura em que os investidores necessitavam dela.

Assim, redescobrimos as virtudes da diversificação. Apesar de há um ano não existirem ativos de refúgio, este ano a detenção de obrigações core ajudou a amortecer a queda dos mercados num contexto de turbulência da crise bancária. Após um período de vários anos em que os mercados foram muito administrados, e depois de um ano de ajustes que presenciou o fim do apoio incondicional dos bancos centrais, os indicadores económicos fundamentais voltam a primar.

O ambiente atual presta-se particularmente bem à construção de uma carteira que combina impulsionadores do desempenho (tais como os investimentos em ações e em crédito) com impulsionadores da diversificação (tais como as obrigações americanas e alemãs).

No que respeita ao desempenho, além do alívio de ver as recentes falências limitadas a algumas instituições bancárias menos bem geridas do que outras, os mercados de ações cujas avaliações tanto sofreram com a crescente vaga de inflação deverão, nos próximos meses, continuar a beneficiar do abrandamento do aumento dos preços que teve início no outono. Especialmente na medida em que os investidores permanecem muito, ou até excessivamente, prudentes. Nos mercados de crédito, os prémios de risco de determinados segmentos já se encontravam a níveis recessivos e, por conseguinte, antecipam uma deterioração da conjuntura.

Em matéria de gestão dos riscos, os principais fatores que poderão afetar a apetência pelo risco nos próximos meses consistirão no ambiente de recessão cada vez mais marcado. Esta perspectiva poderia acabar por pesar sobre os mercados de ações e de crédito, mas sustentaria, em contrapartida, as obrigações com melhor notação. No entanto, as recentes fissuras que começam a aparecer no sistema (bancos regionais americanos ou grupo bancário suíço), bem como o abrandamento do crescimento económico, estão a limitar o nível das taxas de juro.

Foi aberta uma janela de oportunidades para investir tanto nos mercados de ações como nos mercados de obrigações nos próximos meses. Especialmente porque o que se segue poderia fechá-la. Com efeito, a nova equação energética e a taxa de referência das autoridades monetárias norte-americanas serão suscetíveis de observar um retorno dos efeitos de compensação entre ações e obrigações.

A gestão ativa também envolve uma construção dinâmica da carteira. Esta visa adaptar a construção às diferentes fases do ciclo económico, combinando os ativos financeiros com propriedades complementares, tendo em conta estas alterações de regime.

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