Edouard Carmignac escreve sobre questões económicas, políticas e sociais actuais em cada trimestre.
Estimados(as) investidores(as),
A Carmignac celebrou o seu 35.º aniversário em 2024. Não sou particularmente dado a refletir sobre o passado, mas esta é uma ocasião especial. A história da Carmignac remonta a 1989, ano em que nasceu da ambição de disponibilizar investimentos sólidos ao maior número de pessoas, derrubando barreiras geográficas e de classes de ativos em busca das melhores oportunidades.
Já percorremos um longo caminho. De 1 a 7 escritórios. De 1 a 15 países de comercialização, em 3 continentes. De 1 gestor de carteira a 60 profissionais de investimento. De 4 a 40fundos e 26 estratégias. Temos assumido um compromisso constante de disponibilizar a todos os nossos clientes um vasto conjunto de ferramentas e motores de desempenho geradores de retornos. Tal implica inovação e gestão de riscos. Em 2002, fomos pioneiros na introdução de estratégias de derivados com vista a aumentar a flexibilidade das nossas carteiras. Em 2014, contávamo-nos entre os primeiros gestores de ativos da Europa a receber aprovação para aceder aos mercados da China continental. Em 2015, introduzimos alguns CLOs com o objetivo de robustecer os nossos fundos em face da repressão financeira. Em 2021, alargámos o nosso universo de investimento de modo a que pudesse incluir títulos não cotados selecionados nos nossos fundos mais emblemáticos, o que nos permitiu disponibilizar aos nossos clientes o acesso, no ano passado, a participações privadas premium através de um fundo Evergreen com características de liquidez. E poderia continuar.
Apesar de estarmos constantemente à procura de formas de melhorar os nossos produtos e competências, há coisas que são hoje tão importantes quanto o eram em 1989: preservar a nossa independência - algo que muitos dos nossos concorrentes perderam - permitiu-nos cultivar continuamente o nosso estilo de gestão ativa, a nossa abordagem guiada pela convicção, o alinhamento de interesses com os nossos clientes, o nosso mandato de gerir as poupanças dos nossos clientes a longo prazo, com a transparência que demonstramos em todos os momentos. Dispondo do luxo que é o tempo, podemos adotar posições contrariantes e opor-nos aos consensos quando cremos que tal é apropriado.
Mas chega de falar do passado! Nada para mim é mais interessante do que o futuro. Eu, que procuro todos os dias ir além das respostas fáceis e imediatas para perceber o curso que seguem os acontecimentos mundiais e o que é que os participantes no mercado estão a sub e sobrevalorizar, devo confessar que encaro o futuro com expectativa. As placas tectónicas da geopolítica, da tecnologia, do clima, estão em movimento, constituindo terreno fértil para mudanças profundas e ações decisivas.
O ano de 2025 começa com o novo mandato de Donald Trump. Muitos consideram-no uma enorme ameaça, especialmente na Europa. É certo que as suas repetidas tomadas de posição relativamente à transição climática são inquietantes. Tais preocupações, que são legítimas, não se devem contudo sobrepor ao favorecimento significativo, por ele promovido, do clima de investimento nos EUA, através da redução da regulação, da redução da despesa pública e da postura aberta à tecnologia.
E se esta eleição significasse mesmo o regresso do senso comum? O caso da indústria automóvel europeia, agora conhecida por ser um dos exemplos capitais no que toca aos padecimentos das empresas europeias, pode servir de alerta. Há simplesmente demasiadas regras, legislação laboral que nunca beneficia os que mais necessitam, uma ingenuidade extrema quanto ao comércio global e discussões intermináveis para chegar a compromissos no mínimo denominador comum. Há anos que eu e outros temos vindo a alertar para a necessidade de um despertar coletivo. Foi nesse sentido que defendi, na primavera, a nomeação de Mario Draghi para Presidente da Comissão Europeia. A reforma é um bom exemplo. Ninguém acredita verdadeiramente que os regimes de pensões por repartição tradicionais europeus são sustentáveis. Isto é senso comum. A implementação de regimes de pensões por capitalização, a única opção viável, tem sido retardada por considerações ideológicas obsoletas.
De que é que os nossos políticos estão à espera? A falta de coragem e as movimentações políticas cínicas das décadas passadas deixaram-nos à beira da bancarrota coletiva. Será que vamos ter de esperar até ao último minuto para se tomarem ações decisivas? Em última análise, o pragmatismo deve prevalecer. No Relatório Draghi ficou já gizado um plano. Seria avisado que os responsáveis políticos o lessem e implementassem.
Assim, o sucesso nos investimentos, nos próximos 35 anos, dependerá da escolha de títulos atrativos não só de uma perspetiva bottom-up, mas que também incluam uma minuciosa análise geopolítica. Todos sentimos que o crescimento a nível mundial, daqui em diante, irá abrandar. Os países com problemas ao nível da governação vão ficar para trás. Vão já sendo exercidas forças diferenciais relativamente ao crescimento, entre EUA e Europa, Índia e China, Argentina e Brasil...
Durante toda a minha vida, tive fé no potencial de crescimento dos mercados emergentes e na tecnologia. Ainda tenho. Talvez agora mais que nunca. Pensemos no que foi alcançado nos últimos 20 anos. A quantidade de talento em todo o mundo, a superação, a criatividade e a riqueza criada. É algo que nunca deixa de me surpreender. E agora aproximamo-nos de um ponto de inflexão, com o surgimento da IA a criar novos campeões e a expandir fronteiras. Muitos já se aperceberam que se trata de uma revolução, mas creio que ainda não nos demos conta da magnitude da mudança que aí vem. É claro que este assunto ultrapassa largamente o âmbito da indústria da gestão de ativos, mas, para nós, a resposta é simples: devemos adotar a tecnologia como nunca antes.
Tenho a convicção absoluta de que contribuiremos para tal, permitindo-lhe aproveitar as diversas oportunidades que se avizinham, dissipando ao mesmo tempo quaisquer apreensões que elas possam inevitavelmente gerar.
Desejo-lhe mais do que um feliz ano novo. Que disfrutem, pelo menos, uma feliz e próspera década nova connosco!
Com os melhores cumprimentos, como sempre,
Comunicação publicitária
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