Estimado(a) Investidor(a),

Mais uma vez, o verdadeiro propósito das eleições europeias foi ofuscado, com a política interna a relegar as questões reais para segundo plano. A maior farsa foi o aproveitamento dos medos da nossa população envelhecida em nome da preservação das soberanias nacionais. Pelo contrário, a superação dos desafios que enfrentamos e o fortalecimento das nossas liberdades a longo prazo exigem o reforço da confederação das nossas soberanias, cada vez mais regionais à escala mundial.

O tempo está a esgotar-se. Há muito em jogo.

A nossa defesa. A invasão da Ucrânia expôs cruelmente as nossas vulnerabilidades. A Europa tem demonstrado ser incapaz de prestar um apoio decisivo a um aliado à nossa porta, sem o substancial apoio dos Estados Unidos. Não somos capazes de proteger os nossos territórios, sendo a nossa defesa antiaérea particularmente deficiente. É certo que os nossos orçamentos de defesa são insuficientes, mas são também fortemente direcionados para compras a fornecedores não europeus (80%). As cinco maiores empresas de armamento dos EUA fornecem 80% do orçamento de defesa dos EUA. O valor equivalente na Europa é de 45%. Além de os nossos orçamentos de defesa terem de ser aumentados, devemos coordenar esforços, promover a modularidade do nosso equipamento e reduzir as importações.

A nossa competitividade. Durante anos, seguimos uma estratégia suicida que combina a procura de custos laborais mais baixos com o aumento do poder de compra através de pacotes de estímulo fúteis. Com que objetivo? Um consumo anémico e um modelo social enfraquecido. Devemos a nós próprios a implementação de uma política industrial que aborde e inverta as nossas crescentes lacunas tecnológicas, nomeadamente no domínio da inteligência artificial e das biotecnologias. Atualmente, a Europa tem apenas quatro das cinquenta maiores empresas tecnológicas do mundo.

O nosso controlo dos fluxos de imigração. A falta de controlo da imigração é letal para o tecido social de todos os países europeus. Está no cerne da tentação de nos voltarmos para dentro, como foi claramente demonstrado nestas eleições. Apenas uma política de imigração rigorosa, aplicada uniformemente por todos os países da União Europeia, poderá revelar-se eficaz. Deve também ser aplicada com discernimento, pois três quartos das empresas europeias têm dificuldade em recrutar pessoal qualificado.

Crescimento verde. As nossas políticas ecológicas são um fiasco. Sob a pressão de líderes verdes bem-intencionados, mas que sofreram uma lavagem cerebral, a maior parte das nossas fontes de energia renováveis provém da China. Se aplicássemos objetivos de produção de veículos elétricos, pelo menos 60% do nosso parque automóvel seria proveniente da China até 2030! Além disso, a ausência de incentivos fiscais na Europa contrasta com a lei americana de redução da inflação, levando assim as nossas empresas a deslocar os seus investimentos para fora das nossas fronteiras. A expansão verde deve ser encorajada no nosso próprio solo e as nossas indústrias devem ser protegidas através da penalização das importações que não cumprirem as nossas normas ecológicas.

Trata-se, sem dúvida, de um programa ambicioso e corajoso. Mais ainda, uma vez que a governação europeia será prejudicada pelo enfraquecimento significativo do tandem franco-alemão. É da maior importância nomear um Presidente da Comissão Europeia com autoridade intelectual e capacidade de negociação comprovadas. Em julho de 2012, Mario Draghi evitou a implosão da zona euro com o seu já histórico "custe o que custar". Provou ter uma capacidade extraordinária para relançar a integração europeia, reconciliando as diferenças, muitas vezes ultrapassadas, entre os nossos Estados nacionais.

Com esta expectativa ponderada, subscrevo-me com os mais sinceros cumprimentos.