Destacar-se em tempos de crise: Por que é que o ouro é mais valioso do que nunca nas nossas carteiras?

Carmignac’s Note

Publicado
7 de novembro de 2024
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2 minutos de leitura

Evolução do desempenho de uma estratégia longa de ouro e uma estratégia curta de obrigações soberanas face à perda máxima das ações norte-americanas.

Fonte: Carmignac, Bloomberg, outubro de 2024

Ao longo dos últimos meses, o ouro continuou a atingir novos máximos históricos, tendo registado um aumento de cerca de 35% desde o início do ano. O ressurgimento do risco geopolítico, as compras dos Bancos Centrais que procuram diversificar as suas reservas e a incerteza relativa ao ciclo económico podem explicar este excelente desempenho. O aumento das taxas de juro reais e do dólar, fatores habituais de desvalorização do ouro, poderia ter limitado a força do ouro, mas não foi esse o caso.

Consideramos que a "diversificação" das reservas dos Bancos Centrais é um fator fundamental num contexto em que a inflação voltou a ser encarada como uma variável económica "viva" e em que os países do hemisfério sul se sentem cada vez mais tentados a criar uma alternativa ao dólar. Com efeito, o ouro é mais uma vez um ativo estratégico.

Numa conjuntura turbulenta, o ouro volta a ser um potencial vetor de diversificação na alocação da carteira, podendo até revelar-se melhor do que as moedas resilientes1 e as obrigações norte-americanas ou alemãs2. Porém, o que é que faz do ouro um ativo de diversificação eficaz?

Nos períodos de aversão ao risco3, durante os quais as ações apresentaram um desempenho muito fraco4, o ouro superou não só os ativos de risco, mas também as obrigações soberanas. De facto, as taxas de juro de curto prazo têm um impacto mais imediato sobre o preço do ouro, determinando o custo de oportunidade de deter um instrumento que não gera rendimento, enquanto as taxas de juro de longo prazo podem estar correlacionadas com a inflação.

A linha negra no gráfico acima corresponde ao desempenho de um investimento que consiste na compra de ouro e na venda de uma obrigação norte-americana a 10 anos. Este tipo de investimento gera um desempenho absoluto. O seu desempenho é extremamente positivo em mercados avessos ao risco: +100% durante o rebentamento da bolha da Internet ou +30% em 2022, um ano inflacionista que compensa quase na totalidade o fraco desempenho das ações, especialmente quando mais precisamos. Além disso, a correlação entre o ouro e os ativos de risco é ainda menor do que no caso das obrigações, o que o torna um instrumento ideal para a construção de carteiras, pois tende a oferecer uma proteção eficaz contra a incerteza económica e a inflação. Trata-se de uma característica oportuna, uma vez que a inflação persistente é um dos principais fatores de risco atuais e de transformação futura5, numa conjuntura em que os picos atingidos pela dívida pública são constantemente adiados, tornando o seu reembolso cada vez mais ilusório sem o recurso ativo à impressão de dinheiro.

1Como o dólar norte-americano, o franco suíço ou o iene japonês. 2Obrigações emitidas pelos emitentes soberanos com melhor notação. 32000, 2007/2008 ou, mais recentemente, em 2020 ou 2022. 4As áreas verdes do gráfico correspondem às perdas máximas em ações norte-americanas. 5A combinação de um crescimento económico forte, de uma inflação salarial elevada, da transição energética, do abrandamento da globalização e das incertezas geopolíticas aponta para um cenário de potenciais choques inflacionistas mais frequentes.

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