O mês de junho foi particularmente animado, com alguns indicadores de confiança a deteriorarem-se1 e a inflação a subir para novos máximos2. A perspetiva dos bancos centrais dos países desenvolvidos tornarem a sua política monetária mais restritiva em pleno abrandamento cíclico constitui uma verdadeira fonte de incerteza para os investidores.
Volatilidade nas taxas de juro...
Neste contexto, a volatilidade dos mercados de taxas de juro atingiu novos níveis. O preço das obrigações soberanas alemãs a 10 anos registou variações diárias de 2%, uma raridade em 20 anos. E os prémios de risco aumentaram exponencialmente no mercado de crédito e para os países "periféricos", tendo as taxas a 10 anos do Governo italiano, por exemplo, passado de 3% para mais de 4% em poucos dias.
Como resultado, o Banco Central Europeu (BCE), já com vontade de tornar a sua política monetária mais restritiva o mais rapidamente possível, teve de anunciar a criação de um novo instrumento para evitar um risco de fragmentação da zona euro e aliviar as tensões. No entanto, continuamos a manter posições curtas nas taxas europeias uma vez que: 1) o programa de compra de ativos extraordinário do BCE está a chegar ao fim; 2) o (não) financiamento de medidas de apoio orçamental conduz a uma agenda de emissões intensa este verão, nomeadamente para a França e a Itália. Tal irá causar a subida das taxas de juro em ambos os países.
... Atenção às ações
Na componente das ações, a persistência da inflação e o abrandamento do crescimento com os seus efeitos nas margens das empresas e na procura levaram-nos a manter uma abordagem relativamente conservadora com uma exposição líquida a ações nos nossos fundos diversificados entre 5% e 20% em junho. Por outro lado, investimos mais em setores defensivos (que estão em grande parte presentes nas nossas carteiras dada a sua resiliência): a saúde, os bens de consumo de base e os componentes de consumo discricionário onde a procura é menos elástica.
A principal exceção a esta tendência resolutamente defensiva é a China, onde as ações apresentam agora um dos melhores desempenhos entre as principais economias mundiais desde o início do ano. Os sinais da flexibilização de Pequim nas frentes monetária, orçamental, regulamentar e sanitária contrastam favoravelmente com as restrições em curso ou futuras noutras partes do mundo.
Gestão ativa do euro-dólar
Também gerimos ativamente as nossas estratégias em divisas, reduzindo significativamente a nossa exposição ao euro em favor do dólar norte-americano. Mais do que a diferença nas taxas de juro entre a Europa e os Estados Unidos, a perspetiva de ver os preços das importações de energia e aumentar e de possíveis planos de emergência limitarem as exportações europeias são um mau presságio para a moeda única.
Também assumimos posições curtas na libra esterlina, uma vez que a economia britânica se encontra à beira da recessão após três meses de crescimento nulo ou negativo, enquanto os preços ainda estão a aumentar em dois dígitos no Reino Unido.
Para recuperar, contamos agora com a nossa exposição limitada aos mercados de taxas de juro, com o potencial assimétrico da carteira de ações – nomeadamente através da sua reexposição gradual à China – e com os nossos investimentos em dólares. Esta recuperação poderá ganhar força assim que se confirmar a desaceleração inflacionista esperada para os próximos meses na Europa.
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